Algumas Observações sobre a Predestinação - IV



5.DE QUE A PREDESTINAÇÃO NÃO TEM BASE BÍBLICA
Ora afirmar tal coisa é no mínimo grosseria. A doutrina da predestinação é bíblica e clara em toda a Escritura. Os “arminianos” é que criaram um malabarismo hermenêutico para distorcer a verdade em favor do que eles crêem.  Grandes homens de Deus do passado entenderam a predestinação em seus estudos da palavra, e chegaram a ela por pura inspiração do Espírito Santo. Foi a apostasia que incutiu na mente de boa parte do povo de Deus esta aversão a soberania Divina e a sua eleição e predestinação.
Argumenta-se que a predestinação não possui base bíblica tentando comprometer o sentido dos textos que falam de predestinação. Eu diria que é um esforço inútil, pois o sentindo de todos eles estão ali, basta um pouco de cuidado e zelo para chegarmos ao correto entendimento. O que acontece é que muitas vezes se vai ao texto com idéias preconcebidas, e fica difícil de expor para quem antes mesmo de ouvir já diz que não crê.
O verbo predestinar é bem explícito quando lemos, o que muitos tentam distorcer é o sentido em que ele usado. Quando Paulo diz:
“...nos predestinou para ele, para a adoção de filhos...” (Efésios 1.5).
O que podemos entender? Que fomos predestinados a pertencer a Deus, e esse processe ocorre através da adoção. Já li pessoas dizendo que esse versículo se aplica a todos os seres humanos sobre a face da terra, que todos indiscriminadamente foram predestinados a serem aceitos por Deus. Eu realmente não consigo enxergar esse sentido no texto, me perdoem os “pelagianos” pela minha incapacidade. E fica mais difícil de ver essa possibilidade se aliarmos a outros versículos muito interessantes também. Por exemplo, quando João escreve:
“Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas para reunir em só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos.” (João 11.51,52).
Não há como fugir do que está escrito. Jesus morreu por um povo específico. Pelos predestinados, pelos eleitos, os filhos de Deus que andam dispersos. Se fosse por toda humanidade, não teria sentido algum o que está escrito acima.
Ainda podemos recorrer ao historiador Lucas, que escreveu os Atos dos Apóstolos e em certo momento ele diz:
“Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (Atos 18.9,10).
O que esse texto está afirmando? Que Paulo não deveria hesitar pregar, que ele falasse sem medo, pois havia muitos eleitos de Deus que iriam ouvi-lo ali. Isso mostra que Deus conhece os seus muito bem. A ordem “fala e não te cales” tem como razão “pois tenho muito povo nesta cidade”. Enquanto que a promessa “porquanto eu estou contigo” tem como resultado “e ninguém ousará fazer-te mal”.
Se todas as pessoas do mundo fossem predestinadas por Deus para a salvação como acreditam alguns inimigos da Fé Reformado, então todas as pessoas seriam salvas, nesse ponto o universalismo é o único coerente. Dizem, porém, que Deus destinou todos para a salvação, mas apenas os que decidirem é que serão efetivamente salvos. Aqui entramos em choque com a capacidade de Deus, ele é não é capaz de realizar plenamente algo que determinou; o que contradiz veementemente as palavras de Jesus quando diz:
“E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu...” (João 6.39).
“Todos os que me deu” parece muito impróprio para quem, segundo os arminianos, veio salvar toda a humanidade. Por outro lado, também afirmamos que o plano de salvar o homem pode ser frustrado, já que Jesus tem perdido muitos ao longo dos anos (muitos que decidem não mais segui-lo e se vão), estamos afirmando que ele não é capaz de realizar a vontade do Pai.

Ir. Samuel
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